
Enredo
Ambientada no Rio de Janeiro e em São Paulo, a trama tem início com a Revolução de 1964 e perpassa pelo período mais obscuro da ditadura militar, os chamados anos de chumbo. “A intenção é narrar a história de personagens diretamente ligados ao tema da ditadura, seja a favor ou contra, como militares, guerrilheiros, torturadores, artistas, jornalistas, advogados e estudantes nos anos brutais da repressão. É possível que avancemos até a guerrilha do Araguaia, no começo da década de 70”, observa Tiago Santiago.
“Amor e Revolução” conta a grande história de amor vivida pelo militar José Guerra e pela guerrilheira Maria Paixão, casal protagonista do folhetim. À primeira vista, o amor entre os dois é impossível, pois Maria é líder do movimento estudantil e vai para a luta armada, e José Guerra é um militar da Inteligência, contra a ditadura, democrata, porém filho de um general da linha-dura. Os dois têm rivais: o jovem dramaturgo de esquerda Mario Vieira e a bela e glamorosa atriz Miriam, e surpresas podem acontecer.
A história da luta armada pelos ideais da democracia e liberdade no Brasil tão vivida por Batistelli e Jandira, casal coprotagonista de subversivos perseguidos pela repressão, desde o primeiro momento do golpe; a violência aos direitos humanos e abuso de poder por parte do delegado Aranha , do inspetor Fritz, e dos militares Major Filinto e General Lobo Guerra; a luta pela liberdade de expressão por meio da arte e da imprensa; a desagregação de famílias; a força de estudantes engajados que defendem a igualdade social no país; e as atrocidades cometidas contra os presos políticos são alguns dos temas abordados por Tiago Santiago em torno da trama central.
A novela levanta discussões sobre as mudanças comportamentais na década de 60, como a liberação da mulher após a pílula, o feminismo, o movimento hippie, a cena teatral e musical, as transformações provocadas pela moda, entre outras revoluções culturais dos anos 60.
Lançamento e repercussão
O jornalista e crítico Leonardo Ferreira do jornal-site Extra começou elogiando a abertura da trama, dizendo: “O melhor momento do primeiro capítulo […] ficou para o fim: a abertura. Ao som de “Roda viva”, de Chico Buarque, ela mostra jornalistas, estudantes e outros personagens sumindo em cena, numa alusão aos desaparecidos ou capturados pelo regime militar.”, o mesmo crítico, diz que o maior pecado do capítulo foi a direção, e diz que as atuação ainda não são julgaveis, mas destacou as atrizes Patricia de Sabrit e Gabriela Alves como as melhores. O crítico Mauricio Stycer, do site UOL, disse que a produção era “Uma boa novela”, comentou sobre o depoimento final “Essa posição ficou explícita no final do primeiro capítulo, encerrado com o emocionado depoimento da ex-presa política Maria Amélia Teles, cujos filhos, então crianças, a viram ser torturada. Foi o momento mais impressionante em um capítulo frouxo, que deixou no ar a dúvida se “Amor e Revolução” será capaz, mesmo com todo o vento a seu favor, de seduzir o público.” Mauricio acabou a crítica dizendo “O primeiro capítulo de “Amor e Revolução” foi, enfim, frustrante. Um tema ótimo, num bom momento, não é o suficiente para segurar uma novela.”
Audiência
O capítulo de estreia não teve uma grande audiência, mas não decepcionou a emissora, pois marcou uma média de 7 pontos, mantendo os números estáveis da novela anterior, A História de Ana Raio e Zé Trovão. Teve picos de 9 pontos no Ibope, e ficou em terceiro lugar na audiência, atrás de Globo e Record.
Na primeira semana a novela apenas perdeu audiência. No terceiro capítulo, a novela teve 6 pontos de média no Ibope de São Paulo, empatando com a Band em audiência.
Em menos de um mês no ar, como as cenas de tortura e violência não agradaram muito ao público, e o foco do autor passou a ser mais dividido com humor e romance, sem deixar de abordar o tema da ditadura.
Beijo entre duas mulheres
A cena do beijo gay entre as personagens Marcela e Marina, foi erroneamente tratada como a primeira da história da teledramaturgia brasileira – em duas oportunidades anteriores, um beijo entre duas pessoas do mesmo sexo foi exibido em uma obra de ficção brasileira: em 1963, num teleteatro apresentado pela TV Tupi e em 1990, na minissérie Mãe de Santo, exibida pela Rede Manchete. Nenhuma telenovela brasileira havia, até então, exibido uma cena semelhante. Previsto originalmente para ser exibida no dia 11 de maio, a cena viria a ser exibida somente no dia seguinte, e causaria um leve acréscimo na audiência média da telenovela.
Reação dos militares
Logo após a estreia, um grupo de militares pediu o fim da exibição da novela ao Ministério Público Federal através de um abaixo-assinado apresentado pelo Portal Militar, por não concordarem com o que estava sendo exibido. Em 18 de abril, o pedido foi arquivado. O autor do abaixo-assinado é José Luiz Dalla Vecchia, membro da diretoria da Associação Beneficente dos Militares Inativos da Aeronáutica (ABMIGAer). O documento acusa o governo federal de ter feito um acordo com o SBT para facilitar a aprovação da Comissão Nacional da Verdade, em troca de anular a dívida do Banco Panamericano, de Silvio Santos, dono da emissora.
De acordo com Thiago Santiago, o abaixo-assinado é “despropositado”, uma vez que “a novela é respeitosa com as Forças Armadas, mostrando herói militar e oficiais democratas, a favor da legalidade”. Ele disse ainda que o argumento de que a novela estaria relacionada com o saneamento do banco PanAmericano também não procede. “A proposta partiu de mim para o SBT e não vice-versa. Comecei os trabalhos antes de saber que havia qualquer problema com o banco e antes de saber também que a presidente Dilma Rousseff seria eleita”, declarou. Santiago ainda disse que a tentativa de querer tirar a novela do ar “interessa apenas aos criminosos, torturadores e assassinos, que violaram as convenções de Genebra, nos chamados anos de chumbo da ditadura militar”.
Na próxima semana tem mais, muito mais!